quarta-feira, 2 de julho de 2014

Não use a palavra "Gamer"!

Por que "Nerd Erudito"?

Basicamente porque é um nome fácil de se achar no Google, ninguém estava usando e que incorpora muito bem com a ideia do blog: "sobrepensar" assuntos da cultura nerd (idiotas chamam isso de "procurar pelo em ovo"). Ao contrário do que pensam, eu não sou um "guru" que contém todo o conhecimento da humanidade. Eu sou humilde em relação a isso e gosto de conhecer mais sobre determinados assuntos.

Os dois maiores problemas que eu tenho que enfrentar com a nomenclatura do blog é com a impressão de que eu seria esnobe e arrogante (que eu não sou) e a de que eu tenho que provar o nome de "Erudito" do blog toda hora tendo que procurar (e pensar) sobre coisas bem inteligentes para escrever. Aquelas em que já não foram escritas por outros blogueiros bem mais famosos que eu, é claro.

Então porque eu, que falo muito de videogames, não usei o termo "Gamer" no blog? Se os amantes de cinema gostam de se chamar de "cinéfilos", porque os amantes de games não poderiam se chamar de "gamers"? O motivo é de que eu odeio a palavra gamer e vocês também deveriam odiar.

Na época onde os primeiros fãs de videogames surgiram, "gamer" tinha o mesmo estereótipo do "Nerd" na cultura popular: eram os introvertidos feios desajeitados com óculos "fundo-de-garrafa" sem estatura física para esportes e que tinha grande afinidade com assuntos que outras pessoas tinham aversão, como por exemplo tecnologia.

Hoje em dia, o estereótipo de "gamer" é aquele homem machista, racista e homofóbico da faixa dos trinta anos de idade que tem sérios transtornos de agressividade, que troca insultos gratuitos na internet com qualquer um que não seja homem branco heterossexual ou que discorde politicamente dele. A única semelhança entre os dois estereótipos está na dificuldade de socialização.

A julgar pelos dois estereótipos, dá para notar uma evidente involução. Hoje em dia se você falar na rua para um estranho, independente do gênero ou etnia, que você é um gamer, eles vão achar que você é uma pessoa que vive com raiva e que gosta de trocar xingamento com outras pessoas. Esse estereótipo negativo está tão sério que a Nintendo, a maior desenvolvedora de games do planeta, faz comercial de seus produtos dizendo que elas não são "gamers" por jogarem os jogos dela.

Ah, você diria, antigamente estranhos também olharam atravessado para os gamers, não é? 

Mais ou menos, porque antigamente a negação das pessoas em relação com gamers era de desprezo; hoje é de medo. Eu nem estou me referindo a besteira de "games causam violência", que nem merece ser discutido. A questão é que essas pessoas que já tem um discurso de ódio começaram a ver os games como um ambiente habitável e começaram a ficar por lá. Não é a toa que os fóruns de games são os que costumam ter o maior nível de machismo, racismo e homofobia da internet.

Essa estupidez de os "gamers" acolherem skinheads e neonazistas tem como origem o complexo de vítima. "Gamers" sempre vêem que QUALQUER acusação ou proposta de debate é uma tentativa de banir os games que eles sempre amam simplesmente porque já viveram uma situação de tentativa de banimento (por suposta violência). Aí virou prato cheio para os ultra-conservadores para usar essa desculpa como escudo.

Uma mensagem para vocês: ninguém está propondo banimento de game algum quando fala que algo é machista ou racista. O que esta pessoa está fazendo(ou querendo fazer) é apontar uma falha de tal jogo para que se possa MELHORAR o jogo ou até fazer com que a experiência filosófica de debater o jogo fique mais imersiva,ou seja, levando videogames a sério.

Vocês sempre terão as suas princesas indefesas precisando de resgate de um herói viril, sempre terão as suas gostosas tetudas para bater punheta enquanto jogam e ninguém, pelo que eu saiba, está propondo que só tenha mulher "feia" nos jogos. O que essas pessoas estão pedindo é uma maior variedade e diversidade. E isso é exatamente o contrário de estagnar com a indústria de games.

Então, queridos "gamers": expulsem esses skinheads e neonazistas de seus fórums por completo e falem pra sociedade que vocês não são pessoas com sérios transtornos de agressividade e que vocês, sim, aceitam muito bem a entrada de novas pessoas e de belos debates. Enquanto isso, eu vou evitar a palavra "gamer" e eu quero que vocês façam o mesmo.

Como é mesmo o termo que o pessoal usa pra quem joga?

Ok então: Eu sou um Jogador!

5 comentários:

  1. "Como é mesmo o termo que o pessoal usa pra quem joga?"
    Hue Br! -not

    Mas enfim, você me lembrou que preciso continuar escrevendo sobre esse tema.

    Eu não jogava tanto online antigamente, mas hoje em dia eu só jogo com meus amigos, porque é mais divertido ter gente conhecida pra falar merda, zuar ou fazer estratégias para vencer. Mas agora que eles estão sem pc que aguente um jogo, eu jogo sozinha mais para matar a saudades. E agora eu consegui notar todo o machismo e homofobia nos jogos que eu até então não tinha presenciado, mas algumas coisa que vou dizer são leves comparado com o que eu já li de relatos de moças que jogaram online.

    Enfim, meus nicks sempre foram femininos, mesmo que zuados. Um dia jogando Team Fortress com meus amigos, um cara aleatório perguntou se eu (com nick Nyu-chan) era mulher, eu nem prestei atenção porque estava de Sniper fazendo meu trabalho de impedir os adversários de avançarem (diga-se de passagem, muito bem), mas meus amigos responderam no chat "o que isso importa para você?", ele ficou quietinho, e claro, como verdadeiros hue br, começamos a marca-lo e atirar loucamente nele xD, mas a gente pressupôs que ele estava perguntando isso por ser machista, afinal é o que geralmente acontece quando perguntam: ou vao escrotizar a jogadora, ou vão dar uma de nice guy. Pode ser generalização? Mas uma perguntas dessas leva a crêr nisso, mesmo que ele só queira saber por que não sabia que meu nick era feminino ou nao, vai que ele gostou e quer usar ne?

    Outra vez que presenciei machismo e homofobia foi em ArcheBlade, quando em uma partida de 5x5 meu time saiu e ficou somente eu contra 2 caras, eu simplesmente me escondi e esperei o tempo passar ou alguém entrar na partida para me ajuda. Eles me chamaram de "Faggot" por causa disso. O segundo caso foi depois do termino de uma outra partida, dei rematch e esperei recomeçar. Alguns jogadores sairam e sobrou somente eu e um do adversário, ele disse em ingles: "agora as garotas sairam, vamos jogar". Respondi em portugues (afinal meu nick está feminino, e duvido que ele tenha notado isso): "então deixa a mulher aqui jogar para faze-lo chorar". Claro, ele ficou sem saber o que eu escrevi, mas não lembro se teve ou não partida.

    E por ultimo, ainda na epoca de lan house, joguei CS porque meu sobrinho disse que era mó dahora e me incentivava, fui e gostei, joguei várias partidas e quando peguei o jeito, já estava dominando o jogo, no entanto, uma vez os moleques não queriam que eu jogasse CS, e o meu próprio time atirava em mim quando a partida começava para me impedir de jogar. Irritada, sai, dei um tempo e depois voltei com outro nick (e eram nicks masculinos que eu usava, para nao me identificarem) e voltei a jogar normal, porque eles acharam que eu estava jogando outra coisa.

    Em um evento de anime havia um fliperama com o jogo Soul Edge, sou viciada nesse jogo de psone, até hoje eu conheço cada golpe de personagens e quais são melhores para enfrentar quais, e havia fila, e a galera (maioria homens) estavam revezando: quem perdia saia, e o vencedor continuava jogando até perder. Chegou a minha vez, acho que os meninos se repetiram umas duas vezes para jogar contra e perdiam, e eu só sai do jogo porque meu braço ficou cansado e cedi meu lugar para o próximo. Ali ninguém falou merda para mim, ao contrário, muitos me elogiavam ou viam como uma oponente complicada, para ver que existem jogadores e jogadores, mas infelizmente nem todos são como nesse ultimo caso.

    Ficou um comentário gigante, mas só quis deixar registrado e enfatizado as situações que acontecem no mundo gamer e que ainda tem gente que acha que não.

    Alias...vendo bem,acho que vou começar a participar de campeonatos de games nos eventos -Q só preciso treinar um pouco os jogos de campeonato, hehe.

    - Nyu-chan
    http://jigokku.blogspot.com.br/

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    1. Puts cara,fiz um versículo da bíblia aqui no comentário, huahuahua.

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    2. Boa sorte nos campeonatos! Ouvi dizer que autorizaram a presença de mulheres no Campeonato Mundial de games em todas as modalidades.

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  2. Juro que eu não sabia dessa transformação dos ditos "gamers". A palavra gamer me trás boas lembranças por causa da saudosa revista Gamers.
    Machismo eu sempre soube que existiu entre os jogadores mas esse disturbio pcsicótico e violento eu não conhecia. As vezes lia uns comentários escrotos por ai mas ver esse tipo de coisa ficou tão comum na internet que acho que passou desapercebido.
    Alias lendo revistas antigas pode-se ver muito da origem do machismo gamer. As vezes lia alguma carta de uma leitora reclamando disso, especialmente nos anos finais da Ação Games.

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    1. O machismo sempre existiu no mundo dos games porque, apesar de vivermos em um mundo machista, videogames eram considerados "brinquedos de meninos" por causa da mecânica de combate presente em quase todos os games.

      O ponto que eu estou criticando aqui é o ambiente dos games e os gamers em geral serem muito receptivo a neonazistas e skinheads, esse povo que, apesar de serem altamente misóginos, recebem repúdio (merecido) de todos os outros setores da sociedade. Quase todos os fórums de discussão sobre games da internet são habitados majoritariamente por essas pessoas (ou, pelo menos, as mais vocalmente ativas).

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