domingo, 20 de abril de 2014

Sobre animes e ecchis

Eu estou ciente de que não escrevi sobre animes ainda. Tenho dois motivos: o primeiro é que tem milhões de blogs otakus por aí, e dentre esses eu recomendo o Madness Returns, o Sake com Sal e o Mundo Otaku. A idéia desse blog é de ser sobre “cultura nerd, mais especificamente de videogames, com uma visão mais progressista” e isso englobaria animes. Algumas vezes eu escrevo críticas de games simplesmente porque, tirando a Flávia Gasi, acredito ser melhor que todo mundo aí (se o Omelete ou o Jovem Nerd quiserem o meu serviço, eu estarei grato desde que não atrapalhe com a minha carreira profissional, já que eu faço isso como hobby). Não estou sendo arrogante: o nível é muito baixo, mesmo!

O outro motivo é a de que eu não sei tanto de animes como eu costumava saber antes, mas como muitas das pessoas aqui curtem animes (talvez por ser mais “female-friendly” que a cultura norte-americana), é algo que eu preciso escrever com mais frequência. O primeiro post de anime que vou fazer vai ser exatamente explicar por que eu curtia mais animes do que hoje em dia.

Os animes que se tornaram populares na década de 90 e a dos anos 2000 tinham, basicamente uma mesma estrutura: eles introduziam uma profissão nova, criava o universo daquela história em volta daquela profissão e tentava te convencer que aquela profissão era sensacional. Ou seja, quase todo anime podia ser resumido a um simples: “Como é incrível ser um __________!”

O espaço em branco pode ser preenchido por: treinador de Pokemons, treinador de robôs (Medabots), lutador de peão (Beyblade), ninja (Naruto), pirata (One Piece), alquimista (Fullmetal Alchemist), duelista de cartas (Yugioh), jogador de futebol (Caitain Tsubasa, Inazuma Eleven), caubói espacial (Cowboy Beebop), roqueiro (Detroit Metal City) e ceifeiro de almas (Bleach). Nem preciso falar sobre pilotos de mechas, né?

Agora, peço para você fazer uma tarefa (ou mentalizar a tal tarefa): pegue o nome de todos os animes lançados no ano passado, pegue vários papéis pequenos, escreva o nome de cada anime em um papel, embaralhe todos os papéis e pegue um papel aleatoriamente. Chances são imensas de você pegar um ecchi. O que é um ecchi? Vou te explicar:

Ecchi são animes que geralmente tem um protagonista masculino fracassado que tem a habilidade de ser ruim em tudo. Em um determinado momento da vida dele, aparece uma alien (ou robô ou, na maioria das vezes, uma alien-robô) que tem um corpão estrutural absurdo e que, por programação ou por regras da civilização alien, ela vira, por vontade própria, escrava do protagonista.

Obviamente pelo ecchi ter que contar uma história, mas disfarçado de “timidez”, o protagonista tenta recusar ou evitar a garota. Geralmente depois desse incidente sempre aparecem mais três ou quatro garotas diferentes que demonstram claramente uma “quedinha” pelo protagonista, e ele sempre com postura defensiva.

Os ecchis sempre tem doze episódios, sempre tem aquele episódio de adaptar ela em um cenário de colégio, aquele de colocar em uma praia (desculpa para ver garotas de biquini) e aquele em que o protagonista “perde” temporariamente a sua “escrava” para poder dar valor ao que tinha para poder voltar com um “viveram felizes para sempre”.

Isso mesmo: ecchi é uma pornochanchada animada. E daquelas que fazem com que qualquer novela da Globo vire “Cidadão Kane” em questão de inovação. Então, porque tanta coisa mudou em pouco tempo? Eu tenho uma teoria.

Todos esses animes são realizações de fantasias de seus públicos alvos. Para o público infantil, que ainda não sabe como funciona o mundo e as leis da física, o anime introduz um mundo fantasioso completamente diferente da realidade com elementos surreais, fazendo com que se viva uma eterna aventura, algo que muitas crianças (e adultos) gostam.

Ash Ketchum não tem dez anos de idade porque essa é a idade que um humano adquire juízo o suficiente para poder domesticar monstros com poderes de manipular elementos (tem adultos que não tem juízo de si mesmo); ele tem dez anos porque os seus públicos alvos têm dez anos de idade.

Agora, os ecchis também são uma realização de fantasia, só que é uma fantasia sexual. O mundo introduzido pelo ecchi é chato porque o mundo onde o protagonista vive não era aquele mundo fantástico onde se tinham fantásticas profissões vivendo eternas aventuras, é um protagonista desiludido. O público-alvo ficou mais velho.

O protagonista de um ecchi também é um fracassado porque a grande maioria de seu público-alvo está ou desempregado ou em situação de sub-emprego e não conseguiram passar em vestibulares super-concorridos ou não nasceram em berço-de-ouro para ter condições de conseguir uma melhor educação e emprego. Alguns desses públicos vivem reclusos ou já tentaram suicídio devido a pressão de conseguir uma melhor condição de vida.

Eu estou quase desistindo de procurar um anime decente lançado recentemente. Encontrei um que não era um ecchi (Highschool of the Dead, para ser preciso), mas a quantidade de “male-gaze”, ou melhor, calcinhas, me fez realmente desistir de assistir. Nem preciso falar daquele vestido ultrajante de “Kill la Kill”. Como é que aquilo daria “super-resistência” se deixa grande parte do corpo a mostra?

De qualquer maneira, encontrar um anime que presta hoje significa ter que procurar nas profundezas da internet. Pelo menos, tenho leitoras que me indicaram alguns nomes. Sou grato por ter poucas, mas agradáveis leitoras. O meu próximo post será sobre um anime que considero uma “exceção”. Uma dica: caderno assassino. :P

8 comentários:

  1. CADERNO ASSASSINO ME DECEPCIONOU A PARTIR DO INSTANTE QUE QUIS TER UMA SOBREVIDA.

    #se acalma#

    Acho que o último anime que assisti foi Le Chevalier D'Eon, que é muito bom mas é necessário assisti-lo com atenção 100% para pegar a história. Outro que eu comecei a assistir, mas não terminei (pois eu havia lido o mangá) foi Onii-sama E... Que é bem atual e trata bastante dessa disputa besta que é posta sobre as mulheres na área da ~beleza~.

    Eu li High School of Dead até o encontro de uma das protagonistas com a mãe. Além da quantidade de calcinhas que apareceram, ainda tem a cena imbecil do protagonista querendo se matar porque a outra menina (a mesma que encontra a mãe) acusa ele de ter gostado de matar o namorado dela. É isso aí fera, tirar uma lasquinha de quem tá fragilizado é tudo de bom.

    Mas pra não condenar a série ao inferno: há um capítulo, dentro do shopping, onde a enfermeira pede à um rapaz um lugar para dormir. E ele leva ela para uma loja com camas, isolada das outras para tentar ~algo a mais~. E ela deixa bem claro que só pediu uma cama para dormir porque quer dormir e ele a ameaça com uma faca. Só sei que alguém apareceu para salvá-la, mas acho que foi a única boa mensagem que eu li no mangá. Como sou otimista!

    Ecchi tá ganhando força nas publicações de mangás aqui no Brasil. O número de mangás publicados com peitos enormes na capa tá me deixando meio envergonhada de ir visitar a sessão das bancas. Isso porque a JBC disse que shoujo não vende. Mas só relançou mangá shoujo até agora (E FINALMENTE SAILOR MOON!). Mas o que me incomoda de verdade é quando usam o Ecchi em mangás de outras classificações para dar humor. Em InuYasha mesmo, nossa, que divertido quando o monge apalpava alguma mulher e ela devolvia com um tapa. Putz, que engraçado. Calma aí que eu vou secar uma lágrima.

    Outra coisa que me incomoda tanto quanto Ecchi são animes ao estilo K-ON. Posso estar sendo extremamente injusta, mas não duvido nada nada que um bando de ~menininhas~ super fofas tenham alguns pedófilos como público alvo. Ainda mais vendo a quantidade de ~travesseiros tamanho real~ que esse anime vende.

    Prefiro estar sendo injusta e errada, mas sei lá, nada mais me surpreende.

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    1. Ana Clara,

      A "sobrevida" pode ter sido um problema para o anime, mas não é o principal problema. Prometo falar de política e assuntos polêmicos no próximo post também.

      Deu pra perceber que quase todo anime é uma adaptação de um mangá.

      O problema do High School of the Dead não é necessariamente "ter muitas calcinhas"; o problema é usar isso como propaganda do mangá. Várias capas das edições do mangá mostram personagens com ângulos que se permite ver as calcinhas.

      Acho que as "menininhas estilo K-ON" são apenas reprodução do padrão de beleza local: mulher jovem, quieta, comportada, gentil e fofa.

      Sempre tem alguma coisa que pode surpreender.

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  2. Pois hoje em dia o que tem mais é Ecchis.... vou ser sincera gosto de ver, não me incomoda muito o enorme tamanho dos peitos nem das grandes entradas das calcinhas, até porque tb devo ter uma queda para hentai XD

    Mas é bem verdade, não sei o que acham mas Yuri ou Yaoi, mesmo com aquelas cenas (das quais eu amo) têm sempre uma história mais profunda.

    Eu compreendo, eu até que gosto desses géneros de Animes,mas acho um verdadeiro abuso a história do Anime não passar depois de só peitos e calcinhas e etc....
    Mas sempre tem Animes com maravilhosas histórias :3

    Os Mangakás gostam de chamar a atenção do seu publico alvo, fazer o quê? Há quem aprecie e outros não. Só gosto é que não exagerem, recentemente vi o meu 1º Hentai (provavelmente tb o último) .... pois certos animes é mesmo só para um determinado publico. Claro que haverá sempre os tarados, pedófilos, etc, que vêem Anime, têm fantasia ,vêem Hentai no Google.... o que interessa é que aproveitem bem e de maneira adequada o trabalho dos seus criadores.

    E já agora recomendo um Anime é do tipo colegial, mas sem Ecchi. É sobre uma grupo de amigos. Anime: Kimi to Boku, e para quem gostar de pequenas histórias de Shoujo este Anime tem uma muito bonita e sincera :3

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  3. Te recomendo puella magi madoka magica, um anime que foge um pouco dos padrões.

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  4. Te recomendo Kill la KIll, um anime que foge totalmente dos padrões.

    - Nyu
    http://jigokku.blogspot.com.br/2014/05/defendendo-kill-la-kill-e-sua-roupa.html

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    1. Obrigada, nyu-chan. Provavelmente esse deve ser um dos primeiros a ver, junto com attack on titan.

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